ROTAS CULTURAIS

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19 de Março de 2014 | 18h00 | Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa | sala 5.2

3 perguntas a | Rosário Machado, directora da Rota do Românico

1. O que é a Rota do Românico? Centra-se, naturalmente, no património românico, mas oferece outras actividades e engloba outros patrimónios relacionados?
A Rota do Românico assume-se, desde a sua génese, como um projecto de desenvolvimento regional. Embora a matriz do projecto assente num conjunto de monumentos de origem românica, procurámos sempre aliar este património aos recursos endógenos do território do Tâmega e Sousa. Falamos da nossa natureza, da nossa gastronomia, das tradições das nossas gentes, mas também do vasto e rico património datado de outras épocas, desde a pré-história à contemporaneidade.
Esta abrangência da Rota do Românico reflete-se igualmente nas suas áreas de intervenção. A par da dinamização turística, das visitas propriamente ditas ao património românico e à região, assumimos também a vertente da conservação e valorização dos monumentos, quer ao nível do imóvel, quer do seu património móvel, integrado e da sua envolvente, da dinamização cultural dos mesmos, convertendo-os em “palcos” de inúmeros eventos culturais, da educação e sensibilização patrimonial, através do nosso serviço educativo, e da produção de conhecimento científico, no âmbito do Centro de Estudos do Românico e do Território.

2. Como é que se articula, neste contexto, o património azulejar que integra os monumentos da Rota do Românico?
O património azulejar, mas também a pintura mural, os retábulos, as madeiras policromadas e a estatuária de um edifício religioso, formam com a arquitectura românica um todo indissociável. A sua conjugação num único espaço é reveladora da identidade e das transformações históricas e sociais de um bem patrimonial, assim como das vivências de uma determinada época.
É precisamente por estes “patrimónios” serem, tal como o estilo românico, manifestações de gostos e técnicas artísticas e de modos de cuidar e ornamentar os espaços religiosos, que têm merecido uma atenção cuidada e atenta por parte da Rota do Românico, tanto no que se refere à sua conservação e salvaguarda – e podemos citar os casos das intervenções nos revestimentos azuleJares das Igrejas de Airães e Unhão, em Felgueiras, de Cabeça Santa, em Penafiel, e de Jazente, em Amarante – como à sua divulgação, quer nas visitas orientadas pelos nossos técnicos intérpretes do património, quer nas publicações científicas que editamos.

3. A Rota do Românico inclui o Centro de Estudos do Românico e do Território, o que revela uma forte preocupação com a investigação e a disseminação do conhecimento através das publicações de cariz científico que editam. Pode falar-nos um pouco mais sobre a questão da investigação e da sua articulação com os roteiros culturais?
A produção e disseminação de conhecimentos, que consideramos fulcrais para a compreensão do legado histórico e patrimonial românico, assume-se como um dos objectivos do nosso projecto. De um modo amplo, o que procuramos com o Centro de Estudos do Românico e do Território é abrir novas perspectivas para entender e sentir a evolução deste território ao longo de séculos de vivências.
Este centro está alicerçado, entre outros, no desenvolvimento de uma linha editorial, que corporiza essa vontade e que, no nosso entender, se perfila claramente como um projecto estratégico para a concretização desse objectivo. A primeira publicação científica foi editada em Dezembro de 2011, seguiram-se três novos exemplares e este ano prevemos publicar mais duas.
A par da investigação e da disseminação de conhecimento, estas publicações têm servido igualmente como guias de acompanhamento dos visitantes dos monumentos da Rota do Românico, especialmente daqueles que têm interesse em conhecer e usufruir de outros aspectos dos monumentos para lá da arquitectura e da escultura românica. Referimo-nos aos belíssimos programas de pintura mural das nossas igrejas, tomando como exemplo a publicação A pintura mural na Rota do Românico, ou às personalidades históricas intimamente ligadas a um monumento, temática abordada em Manuel de Faria e Sousa. Cidadão do mundo e das letras ao serviço de Portugal, ou ao processo de formação de um projecto de arquitectura de um determinado bem patrimonial, como é o caso das obras São Mamede de Vila Verde. Construir uma Igreja com as suas pedras e Torre do Castelo de Aguiar de Sousa. Entre a matéria e o mito. Sobreposições do tempo.

Rota do Românico

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