Lisboa, Hospital de São José, Salão Nobre
Lisboa, Hospital de São José, Salão Nobre
Lisboa, Hospital de São José, Salão Nobre
Lisboa, Hospital de São José, Salão Nobre
Lisboa, Hospital de São José, Salão Nobre
Lisboa, Hospital de São José, Salão Nobre
Lisboa, Hospital de São José, Salão Nobre
Lisboa, Hospital de São José, Salão Nobre
21 de Maio de 2014 | 18h00 | Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa | sala 5.2
Azulejos dos Colégios Jesuítas Portugueses
Tal como tantos outros espaços, também os colégios jesuítas foram, em Portugal, revestidos por azulejos. Muitos dos que ainda hoje se conservam, em tons de azul e branco, remontam ao século XVIII, estando aplicados em escadarias e corredores mas, principalmente, nas antigas salas de aulas. Como seria de esperar, os temas representados deviam ilustrar as matérias ministradas, funcionando como apoio visual aos professores, uma espécie de slides ou power points.
No Colégio de Santo Antão-o-Novo, em Lisboa (actual Hospital de São José), e em Évora, no Colégio do Espírito Santo (a única universidade dirigida pelos jesuítas entre 1559 e 1759), conservam-se exemplos de revestimentos deste género. Conhece-se ainda um outro caso, ainda que distinto, pois não se trata de um revestimento aplicado mas sim de azulejos isolados. Representam vários livros dos Elementos de Euclides (integrando colecções privadas e públicas). Muito embora não se saiba a origem destes azulejos, investigações recentes sugerem que poderiam ter sido usados no Colégio de Coimbra, como materiais educativos na área da geometria, ou durante provas públicas.
Os azulejos aplicados nas salas de aulas são de natureza distinta e nem todos são inteiramente científicos. Os da Aula da Esfera, em Lisboa, representam temas distintos, inspirados em gravuras. Entre estas merece especial referência a obra Imago primi saeculi Societatis Iesu: a prouincia Flandro-Belgica eiusdem Societatis repraesentata, um livro de emblemas editado em 1640 para assinalar o primeiro centenário da Companhia de Jesus. A secção representando Arquimedes a incendiar os navios com um espelho durante o cerco a Siracusa inspira-se num dos emblemas deste livro, assim como outra evocação de Arquimedes através de um estranho mecanismo de alavanca que levanta um globo, e que inclui ainda uma referência aos descobrimentos portugueses (com um excerto dos Lusíadas).
Uma outra secção mostra um diagrama dos teoremas de Arquimedes “Da esfera e do cilindro”, que pode ter sido inspirado na edição de André Tacquet (1612-1660). Uma outra fonte de inspiração é a obra Traité de la Construction et des principaux usages des instruments de Mathématiques, de Nicolas Bion. Os restantes azulejos ilustram a figura de Atlas e exemplos de formas de construção actualizadas de muralhas, como alegorias à arte da guerra.
Por sua vez, em Évora, cada uma das muitas salas de aula apresenta o seu próprio programa iconográfico. Na aula de Geometria e Astronomia (n.º 114) as representações são muito semelhantes às do colégio lisboeta. No entanto, o episódio do espelho de Arquimedes encontra-se numa outra sala, juntamente com outras experiências da Física (sala da Física, n.º 120).
In CARVALHO, Rosário Salema de; GUESSNER, Samuel; TIRAPICOS, Luís – Astronomy and the “azulejos” of Portuguese Jesuit colleges. Congresso da Sociedade Europeia para a Astronomia na Cultura (SEAC 2011). Universidade de Évora, 19 a 23 de Setembro de 2011 (no prelo).
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THE REUSE OF BUILDINGS. THE AZULEJO IN LISBON’S HOSPITALS
May 21, 2014 | 18h00 | Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa | room 5.2
Azulejos of Portuguese Jesuit colleges
It is no surprise that in Portugal the Jesuit Colleges were decorated with great tile panels. Those we know today are dated from the 18th century, in blue and white. These tile panels adorn the staircases and corridors but in particular also the lecture halls. As we might expect today, the represented themes pretend to illustrate the course curriculum, so they may have supported the teachers during the lectures as it is done today with slides or power point projections.
We can see examples of this kind of decoration in the College of Santo Antão-o-Novo, in Lisbon (now the Hospital of São José), and in Évora, in the College of Espírito Santo (the only University in Portugal managed by the Jesuits between 1559 and 1759). Beside these two cases, there is another testimony for the use of tiles in a similar context. A set of tiles illustrating several books of the Euclid’s Elements survive in various private and museum collections. We don’t know the origin of these tiles, but recent research suggests that they could have been used at the College of Coimbra as educational materials in geometry courses, or during public examinations.
The tile panels applied in the lecture halls walls were of different nature and not all of them are purely scientific. In Lisbon, tile panels exist in the Aula da Esfera. They represent different themes inspired by printed sources, among them the Imago primi saeculi Societatis Iesu : a prouincia Flandro-Belgica eiusdem Societatis repraesentata, an emblem book edited in 1640 for the celebration of the Company first centenary. From this book alone are derived a scene with a burning mirror used to burn the ships at the siege of Syracuse, and another evocation of Archimedes by a strange lever mechanism lifting the globe, which includes a reference to the Portuguese discoveries (with a sentence taken from Luís Camões’s Lusíadas).
A diagram from Archimedes’ theorems On the Sphere and Cylinder is also shown. This may be inspired by André Tacquet’s (1612-1660) edition (was in the Euclid’s Elements which included those). The third source we identified is Nicolas Bion’s, Traité de la Construction et des principaux usages des instruments de Mathématiques. Other themes are the figure of Atlas, and examples of modern ways to build fortifications, as allegories to the art of war.
In Évora, on the other hand, there is a whole series of lecture halls and each of them has its own iconographic program, often related to the course subjects. We find here, in the Geometry and Astronomy hall [n.º 114], some compositions very similar to those at Lisbon’s Aula da Esfera, described above. However, one of them is in another room. It’s the Archimedes’ burning mirror, here grouped together with other experiences in Physics and consequently placed in the Physics hall [hall n. º 120].
In CARVALHO, Rosário Salema de; GUESSNER, Samuel; TIRAPICOS, Luís – Astronomy and the “azulejos” of Portuguese Jesuit colleges. Congresso da Sociedade Europeia para a Astronomia na Cultura (SEAC 2011). Universidade de Évora, 19 a 23 de Setembro de 2011 (on print).