ARTE & ARQUITECTURA

26 de Fevereiro de 2014 | 18h00 | Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa | sala 5.2

O azulejo português tem vindo a ser aplicado continuamente na arquitectura desde o final do século XV até à actualidade.
A partir da década de 1940, e sobretudo nas décadas de 1950 e 1960, o azulejo foi recuperado com um cariz actualizado, compreendendo novas formas de articulação e integração entre a arte e a arquitectura, influenciadas pelo modo de integração usado na arquitectura moderna brasileira, nomeadamente no antigo edifício do Ministério de Edução e Cultura do Rio de Janeiro (1942), projecto do arquitecto Lucio Costa com a consultoria de Le Corbusier, e obra em azulejo de Candido Portinari.
Dos artistas que integraram este movimento, e que contribuíram também para a renovação da cerâmica em Portugal neste período, destacam-se Jorge Barradas, Maria Keil, Querubim Lapa, Manuel Cargaleiro, Cecília de Sousa ou Manuela Madureira.
Este sessão tem como objectivo discutir a diversidade de soluções e modos de articulação entre as artes plásticas, nomeadamente o azulejo e o suporte arquitectónico, no período contemporâneo. Sendo esta uma área onde a discussão pode ser fértil, Ana Pascoal e Ana Almeida vão apresentar alguns resultados das suas investigações académicas neste âmbito revelando ainda algumas propostas para aplicar, na práctica, o resultado destas investigações, nomeadamente um Roteiro do Património Azulejar da Universidade de Lisboa.

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Foto: © Inês Aguiar

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ART & ARCHITECTURE

 

February 26, 2014 | 18h00 | Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa | room 5.2

The Portuguese tile has been applied continuously in architecture from the late fifteenth century to the present.
From the 1940s, and especially in the 1950s and 1960s, tiles were applied in the buildings in a different way, comprising new forms of articulation and integration between art and architecture. This modern use of tiles arose from the influence of Brazilian architecture, namely in the former building of the Ministry of Education and Culture of Rio de Janeiro (1942), designed by architect Lucio Costa with the support of Le Corbusier, and tile work by Candido Portinari.
This session aims to discuss different ways of connecting the visual arts, particularly the tile and architectural support in the contemporary period. Since this is an area where the discussion can be fertile, Ana Pascoal and Ana Almeida will present some results of their academic research in this area revealing some proposals to apply the result of their investigations, namely a Route of Azulejo at the University of Lisbon.

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Photo: © Inês Aguiar

2 pensamentos sobre “ARTE & ARQUITECTURA

  1. Pergunta de Francisco Queiroz via e-mail:

    “Boa noite,
    Em relação à sessão de 26 de Fevereiro, e porque não posso estar em Lisboa
    nesse dia, gostava de deixar uma questão (entre várias possíveis) aos
    convidados:
    – É sabido que a azulejaria produzida nas últimas décadas, sobretudo em
    projectos arquitectónicos de maior expressão, tem dependido muito da
    iniciativa estatal e, também por isso, está centrada em Lisboa e em
    arquitectura feita de novo, assim como em obras de autor. Porém, o futuro
    da azulejaria não pode estar dependente destes factores, sob pena de
    perpetuar o carácter elitista da azulejaria que tem merecido ser estudada,
    restringido o seu uso e o papel identitário que tem na arquitectura
    portuguesa. A azulejaria contemporânea em reabilitação e, nomeadamente,
    fora da capital e fora do âmbito dos painéis de autor, é um tema que tem
    despertado pouco interesse aos investigadores, e motivado críticas.
    Há pouco mais de um ano, foi inaugurado no Porto o projecto imobiliário
    conhecido como “Pátio das Cardosas”, um projecto polémico sob o ponto de
    vista da reabilitação, em que foram demolidos vários edifícios no
    interior, e mesmo várias fachadas. Os edifícios novos ou com alçados
    reformulados, levaram diversos revestimentos com azulejos, todos
    monocromáticos [ver um exemplo aqui:

    ]. Há quem veja nesta solução uma tentativa de ligar esteticamente os
    alçados novos aos preexistentes, valorizando a imagem da cidade como
    cidade de azulejo nas fachadas. Porém, há quem critique esta opção,
    apelidando os azulejos de “casa-de-banho”. A meu ver, quem segue esta
    crítica, possivelmente não colocaria azulejos nenhuns naquele contexto, ou
    então tentaria colocar painéis de autor, que encareceriam ainda mais a
    obra. Por outro lado, parece que continua a existir uma grande
    dificuldade, um pudor mesmo, por parte dos projectistas, em propor
    azulejaria de padrão para reabilitações – e refiro-me a padrão
    contemporâneo, mas sem ser painéis de autor propositadamente concebidos –
    com receio de críticas dos pares, pelo que o monocromático pelo menos é
    suficientemente minimalista para que os projectistas não se sintam
    desenquadrados da estética em vigor.
    Que opinião têm os convidados sobre esta questão?

    Obrigado e cumprimentos;
    Francisco Queiroz”

    • Resposta à pergunta do Francisco Queiroz:

      A pergunta foi lida pela Marta Lourenço e, na sequência de intervenções anteriores, foram referidos exemplos de obras contemporâneas com azulejo, aplicadas em diversos locais do país que não apenas Lisboa, são exemplos disso tribunais, pousadas, etc. Aliás, alguns (embora em número reduzido se comparados com os da capital) já tinham sido referidos durante a apresentação de Ana Almeida. Os comentários que se seguiram centraram-se na ideia de que os azulejos contemporâneosaplicados em reabilitações são visto como revestimentos de casa-de-banho, ao que se chamou à atenção para o caso dos azulejos na casa-de-banho do Palácio da Pena, em Sintra, que são os mesmos que revestem muitas fachadas, o que fez com que a questão não fosse vista tão linearmente. Houve ainda uma chamada de atenção para a reabilitação de um prédio na Rua de São Bento, em que Manuel Cargaleiro utilizou azulejos contemporâneos mas respeitando a fachada do século XIX, e assim quase “enganando” um observador mais desatento.

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