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11 de Novembro de 2015 | 18h00 | Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa | sala 2.1
As Estações na Bibliografia | Parte I
Muito embora a Estação de São Bento, no Porto, tenha sido a primeira estação ferroviária para a qual foram encomendados azulejos, em 1903, a sua aplicação ocorreu apenas em 1915. Por esta razão, é a Estação da Granja (Espinho) que a historiografia considera ter sido a primeira a receber um revestimento cerâmico, em 1914. A partir de então, e durante as cerca de três décadas, estes equipamentos foram sendo revestidos com azulejos de temática historicista, regionalista ou nacionalista. Os painéis das estações funcionavam como uma forma de acolhimento a quem chegava, dando uma antevisão dos principais locais de interesse a visitar na região. Predominavam, pois, composições de carácter documental, baseadas em fotografias ou desenhos, que mostravam as belezas paisagísticas, os monumentos ou as actividades económicas mais típicas das regiões onde se situavam as estações.
Rafael Salinas Calado analisou desta forma azulejaria da CP: “Este imenso acervo azulejar, tão rico e heterogéneo, compunha e animava, tanto exterior como interiormente, uma grande percentagem destas numerosas peças do património imóvel da CP. (…) Foi exactamente nesta época, quando o azulejo começou a escassear nas fachadas e a perder o fôlego das grandes composições temáticas tradicionais que, o “Caminho de Ferro” – entre as poucas entidades que ainda mantinham o hábito de mandar executar decorações azulejares para o expresso revestimento dos seus edifícios – assumiu a relevante importância de ser o principal encomendador e consumidor da produção azulejar portuguesa. Por esta razão, no decurso duma trintena de anos pôde ir criando, através do azulejo, uma imagem inconfundível e quase emblemática” (pp. 17-20).
Uma das conclusões desta obra de referência é que “tematicamente reconhece-se uma nítida preferência pela representação dos usos, costumes, tradições e fainas agrícolas ou piscatórias, seguidas pelas paisagens e sítios, ficando em terceiro plano a figuração dos monumentos e, muito distanciada em número, a evocação de temas histórico-patrióticos. Na sua grande maioria, os painéis de azulejos, ditos “artísticos” (esta é a designação porque são normalmente conhecidos nas fábricas, por oposição aos constituídos por elementos repetitivos de padrões ornamentais sem temática historiada), que revestem as estações foram produzidos em fábricas de Lisboa e situando-se as datas conhecidas, sobretudo, entre 1922 e 1940, embora haja excepções anteriores” (p. 45).
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Referências bibliográficas:
CALADO, Rafael Salinas; ALMEIDA, Pedro Vieira de – Aspectos azulejares na arquitectura ferroviária portuguesa. Lisboa: CP, 2001.
Projecto “Repertório Fotográfico e Documental da Cerâmica Arquitectónica Portuguesa” (Instituto de Promoción Cerámica – Castellón, Espanha), ficha 399, 201.
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On rails. The azulejo in the stations
November 11, 2015 | 18h00 | Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa | room 2.1
Books about Stations | Part I
Although the São Bento railway station in Oporto have been the first railway station to which azulejos were ordered, in 1903, its application occurred only in 1915. For this reason, it is the Granja Station (Espinho) that historiography considers to have been the first to receive a ceramic covering, in 1914. Since then, and during nearly three decades, these equipments were being covered with azulejos with historicist, regionalist or nationalist themes. The panels of the stations worked as a way to welcome those who arrived, giving a preview of the main places of interest to visit in the area. Therefore, the predominant examples are documentary compositions based on photographs and drawings depicting the landscaping beauty, the monuments or the most typical economic activities in the regions of the stations.
Accordingly to Rafael Salinas Calado (2001: 17-20 and 45), the azulejos from the railway stations are really rich and heterogeneous. And during thirty years, the CP assumed the important role of ordering these important azulejos coverings. The privileged themes were representations of customs, traditions and agricultural or fishing activities, followed by landscapes and places. Ranking in third place, were the depictions of monuments, followed by the evocation of historical and patriotic themes that were much less common. These “artistic” azulejos were made in the Lisbon factories mainly between 1922 and 1940. However, as we saw, former examples are known.
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Bibliographical references:
CALADO, Rafael Salinas; ALMEIDA, Pedro Vieira de – Aspectos azulejares na arquitectura ferroviária portuguesa. Lisboa: CP, 2001.
Projecto “Repertório Fotográfico e Documental da Cerâmica Arquitectónica Portuguesa” (Instituto de Promoción Cerámica – Castellón, Espanha), ficha 399, 201.