O AzLab A refuncionalização dos edifícios. O azulejo nos hospitais de Lisboa, teve como convidadas Clara Moura Soares e Célia Pilão, e a moderação de Vítor Serrão. A sessão começou com a apresentação de Clara Moura Soares cujo mote – “in situ, no museu, no mercado ou em parte incerta” – pretendia abrir o debate sobre as atribulações a que o património azulejar foi sujeito em consequência da Extinção das Ordens Religiosas. Neste breve enquadramento histórico, alargado mas procurando integrar o azulejo, referiu-se a Extinção e a Lei da Separação do Estado das Igrejas, que muito contribuíram para a descontextualização do património. Nomes como o Marquês de Sousa e Holstein e José de Figueiredo estiveram em destaque, pelo seu papel no destino de muito património, mas abordaram-se casos menos felizes, como o de São Lourenço de Carnide e os seus azulejos. Em todo o caso, e como foi destacado, estudos recentes têm vindo a mostrar que, apesar da destruição característica destes períodos, também houve preocupação com a salvaguarda do património.
A apresentação de Célia Pilão, intitulada “Os azulejos dos Hospitais Civis de Lisboa. Caridade, assistência e direito à saúde”, centrou-se na história dos hospitais de Lisboa, desde a transferência das funções do Hospital Real de Todos-os-Santos para o Hospital Real de S. José [antigo Colégio de Santo Antão-o-Novo], passando pela criação dos hospitais que hoje integram o Centro Hospitalar de Lisboa até a actualidade. Tratou-se de uma visão “por dentro” do património azulejar (e não só) dos hospitais, perspectivado por quem viveu nestes espaços revestidos por azulejos.
Seguiu-se o período de debate, onde se discutiu a importância da reutilização dos espaços no processo de salvaguarda, evitando o abandono; a dificuldade em encontrar correspondências entre os objectos provenientes dos antigos conventos e que actualmente se encontram em museus; o significado que os hospitais edificados na Colina de Santana têm para os habitantes de Lisboa (a construção de afectos, para a qual a presença da arte contribui); os critérios para a colocação de azulejos contemporâneos nos hospitais, e outros casos de hospitais desactivados em diferentes cidades do país. Em todo o debate ficou bem clara a preocupação dos convidados e da assistência com o futuro destes hospitais e com as reutilizações que, num primeiro momento, foram travadas mas que se perspectivam num futuro próximo. A salvaguarda do património e, em particular, do património da Colina de Santana, é uma causa que permanece na agenda de todos nós.
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The AzLab The reuse of buildings. The azulejo in Lisbon’s hospitals, had as guests Clara Moura Soares and Célia Pilão, and was moderated by Vítor Serrão. It started with Clara Moura Soares’ presentation under the motto – “in situ, at the museum, on the market or nowhere” – whose intention was to open the debate concerning the misfortunes that the azulejo heritage went through after the Extinction of the Religious Orders in the 19th century. In this brief historical context, extended but at the same time integrating the azulejo, it was mentioned the Extinction and the 1911 Law of Separation between the State and the Church, which greatly contributed to the decontextualization of the Portuguese heritage, particularly, the azulejo. Names like the Marquis of Sousa e Holstein and José de Figueiredo were highlighted for their positive role. However less happy situations were also referred to, such as São Lourenço de Carnide and its azulejos. In any case, and as it was mentioned, recent studies have been underlining that despite the destruction, there was also a concern about the safeguarding.
Célia Pilão’s presentation entitled “The azulejos of Lisbon’s Civil Hospitals. Charity, assistance and the right to health”, focused on the history of the hospitals of Lisbon, since the transfer of functions from the Hospital Real de Todos-os-Santos to the Hospital Real de S. José [former College of Santo Antão-o-Novo], going through the establishment of the hospitals that are part of the Central Lisbon’s Hospital Centre, until the present-day. It was a vision “from the inside” of the hospitals’ azulejo heritage (but not only), envisaged by those who lived in these spaces covered with azulejos.
Both presentations were followed by a debate, in which was discussed the importance of the reuse of spaces in the safeguarding process, by avoiding its abandonment; the difficulty in finding correspondences between the objects from the old convents and which are now in museums; the meaning that the hospitals built on the Hill of Santana have for the Lisbon inhabitants (the building of affections, for which the presence of art contributes); the criteria for placing contemporary azulejos in the hospitals, and other cases of deactivated hospitals in different cities of the country. Throughout the debate it became clear the guests’ concern and care about the future of these hospitals and the reuses that, may happen in the near future. The heritage safeguarding and, particularly, that of the Hill of Santana (hill of Santana), it’s a cause that remains on everyone’s agenda.